domingo, 31 de outubro de 2010

OLHA... AFINAL VOU TER DE TRABALHAR!

A grande vantagem de se ter crescido e educado com pouco dinheiro e depois ter a extraordinária ideia de se viver "na Cultura" é que tratamos as dificuldades por "tu". Quem está habituado a viver com pouco faz disso uma filosofia de vida e não bufa nem chora quando as coisas apertam. É terreno familiar. Favorável, até, diria, já que para se circular nele são precisas duas coisas: trabalho e criatividade.

Os nosso economistas, políticos e povo em geral anda por estes dias a descobrir a pólvora: é preciso trabalhar. Já não dá para viver de parlapié nem de birra seguida de mais crédito. O país de poucos recursos que sempre fomos, está a perceber uma coisa incrível, que... somos pequenos e produzimos quase nada. A minha geração e os que se nos seguiram, cresceram na mais pura das ilusões: poderiam chegar à reforma, aos 55 anos, sem ter produzido nada, ou muito pouco. Uns serviços aqui, umas promoções ali, as "diuturnidades" disto, uns anos de baixa por ali e assim se passaria uma vida. Agora a crise mundial veio destapar os pés a milhões de pessoas que acordam, endividadas para a realidade.

Sendo filho de duas pessoas que se mantiveram à tona à custa do puro esforço, nunca achei possível chegar a lado nenhum de outra forma que não fosse pelo meu esforço. E acho que para a maioria das pessoas também não resta outro caminho. É estatisticamente impossível comerem todos do mesmo pote sem ninguém lá meter nada DE CONCRETO.

Há umas décadas atrás, os milionários portugueses tinham duas características: chulavam os trabalhadores nos salários mas trabalhavam 14 horas por dia. Depois veio o dinheiro da CEE, e o dinheiro começou a vir de subsídios, especulações imobilíárias, bolseira, enfim,roubalheira em geral. Abaixo na pirâmide ficou-se igualmente satisfeito, com o ordenado a bater certinho ao final do mês, quer se produzisse quer não. Os sindicatos fizeram (e fazem) pressão para que ninguém seja despedido, desde que chegue a horas ao trabalho, se sente numa cadeira, vá tomar café às 10h e saia às 5h ou 6h. O mundo perfeito.

O que vai acontecer agora e que até os mais cegos irão perceber é que esse mundo acabou. Primeiro, vão fazer barulho e chorar pela manutenção dos "direitos adquiridos" e os que nadavam em dinheiro (vulgo"crédito/privilégios) vão ver o mundo a fugir-lhe debaixo dos pés. A seguir, quem não for útil vai para a rua, o que trará mais gritaria, mas desta vez justificada. E finalmente, vai toda a minha gente começar a mexer-se, a trabalhar, a tornar-se útil e a inventar formas de produzir alguma coisa para ganhar dinheiro.Os que já viviam pelo seu esforço vão ser os primeiros a safar-se, apenas por terem já uma longa prática.

Vai ser chato? Sim. Mas a promessa do paraíso era isso mesmo: uma promessa.

Sugeria a leitura do livro de auto-ajuda, "Quem Mexeu no Meu Queijo". Isso ajudará alguns a perceberem se querem ficar a chorar no labirinto ou a colocar os sapatos ao pescoço e partir em busca de novos alimentos.

por Possidónio Cachapa a Quarta-feira, 20 de Outubro de 2010 às 16:03.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Descoberta nova jazida de Cobre em Neves Corvo

A empresa mineira sueco-canadiana Lundin Mining, proprietária da Somincor, acaba de divulgar que foi descoberta mais uma importante reserva de cobre nas minas de Neves Corvo, no Alentejo

Os responsáveis das minas de Neves Corvo, da Somincor (detida pela Lundin Mining), acabam de anunciar a descoberta de uma nova e "importante" reserva de cobre.
Neil O'Brien, vice-presidente de Exploração e Desenvolvimento de Novos Negócios para a Lundin Mining, refere que "a última descoberta desta importância em Neves Corvo data de há 22 anos, no lugar de Lombador".

Fontes próximas do processo garantem que as reservas agora descobertas irão permitir a abertura de uma nova mina naquela zona do Alentejo. Para já segue-se mais um ano de sondagens e só depois a concessão para a abertura da nova mina, assim a empresa o pretenda.

Certo é que o preço do cobre nos mercados internacionais (8.300 dólares por tonelada) não pára de subir, assim como a procura, sobretudo impulsionadoa pelos países emergentes

Notícia Expresso.pt 27.10.2010

Esta é uma excelente notícia para a economia nacional, para a região em concreto e para a Lundin Mining em particular. Mais ainda com a procura chinesa a aumentar e os stocks chilenos a baixar, é natural que o preço suba nos próximos tempos. A descoberta ainda vai ter mais um ano de sondagens pela frente, seguido do tempo necessário para chegar com as galerias até à jazida, mas com os artistas da engenharia finaceira que temos cá pela "mercearia das bananas", ainda deve ir a tempo de equilibrar o orçamento deste ano...


Foto Aljustrel 2007

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Geo Engenharia em alta ;-)

A semana passada, após 14 anos de trabalhos de escavação foi varada uma das galerias do túnel base de St. Gotthard, na Suiça, com um comprimento total de 57 km.

O desvio final foi de apenas 8 cm horizontais e 1 cm em cota (já vi pior em comprimentos muito menores...)!

Trata-se de um feito inédito, naquele que será o maior túnel ferroviário do mundo. O sistema é muito interessante, merecendo o sítio oficial do empreendimento uma visita demorada (atalho abaixo):

Alptransit



Na mesma semana do emocionante e feliz resgate dos 33 companheiros chilenos, a notícia deste novo record, é um importante marco que abre interessantes novas prespectivas para o desenvolvimento do espaço subterrâneo...
Claro que, como se pode ver na foto, sem os mineiros portugueses nada disto seria possível... ;-)

domingo, 17 de outubro de 2010

Praia do Gaio Rosário: Qualidade de vida junto ao Tejo





O areal nestas fotos não é de nenhuma praia da costa atlântica portuguesa entre Minho e Algarve, é sim de uma praia do Tejo, mais precisamente na margem sul do estuário do Tejo na localidade de Gaio/Rosário, concelho da Moita. O investimento em ETARs que está a ser feito mas duas margens do Tejo (despesa pública com sentido, e que tem grande apoio dos fundos da União Europeia) vai permitir que provavelmente em 2012 já seja possível banharmos-nos nas águas do Tejo com alguma segurança (agora sim Professor Marcelo!). É um exemplo positivo da recuperação dos nossos recursos naturais, é possível que este investimento traga não só mais qualidade de vida para a população, como também mais receitas de turismo, pesca e agricultura (recuperação de arrozais). Deixo aqui dois links interessantes sobre o tema para quem quiser saber mais:
Em relação à praia do Gaio, posso dizer que é uma agradável surpresa natural na margem sul do Tejo, com quase ausência de construção urbana nas proximidades. Eu pessoalmente aproveitei este Sábado para terminar na praia o meu treino de corrida (1 hora, 9,6kms, mais um passo na minha preparação para participar na corrida do tejo no próximo domingo (vejam mais em http://www.corridadotejo.com/)). Correr é saudável para o corpo e para a mente, é um desporto barato e flexível para quem tem pouca disponibilidade de tempo, não admira que tenha cada vez mais adeptos. Para quem quiser ir passear ou correr pela praia do Gaio numa manhã de fim de semana e quiser ficar por ali para almoçar recomendo vivamente o restaurante Baia Tejo, www.lifecooler.com/.../restaurantes/RestauranteBaiaTejo onde podemos disfrutar de uma vista privilegiada sobre o Tejo e peixe ou marisco bem fresquinho.

A vassourada

O Governo entregou um Orçamento incompleto no último minuto. Os queixumes, como se esperava, foram gerais. A classe média - da classe média baixa à classe média alta - vai pagar a crise, como suspeitavam e agora proclamam, com indignação, os jornais de referência. Não se percebe o escândalo e a surpresa. A classe média que por aí anda - é necessária a paciência de repetir - não passa de uma emanação, torpe e maligna, do Estado democrático. A administração central e a administração local inventaram maneiras de a criar (e lhe pagar), a troco da fidelidade e do voto, para não fazer nada de útil e principalmente de produtivo. Desde o princípio que os partidos vivem dela e que ela, inerte e incapaz, tornou o país num covil de parasitas sem vergonha ou carácter. O desaparecimento do funcionalismo directo ou indirecto (ou, pelo menos, de quatro quintos dele) não prejudicaria ninguém.

Conheço pessoas que o PSD e o PS (e até o PC) a seu tempo instalaram em altas posições que mal sabem ler e, definitivamente, não sabem escrever. Conheço pessoas que se dedicam antes de mais nada a justificar a sua injustificável existência, pelo curioso meio de aumentar a "verba" e o pessoal do departamento onde por acaso caíram, com o único propósito de promover o seu estatuto, espatifando zelosamente o que lhe dão. Vejo dia a dia a obra das câmaras, que pouco a pouco se tornou num exercício de extravagância, megalomania e, desconfio, em muitos casos de puro latrocínio. Podia fazer uma longa lista da gente que o Estado persiste em sustentar em nome de actividades sem espécie de justificação possível. Como podia fazer uma longa listas dos "negócios" em que se meteram milhões, em exclusivo benefício de interesses que não sofrem descrição.

Que todo este mundo se afunde e desapareça, com os seus cartões de crédito de "representação" e os seus carros de empresa, com as suas casas no Recife e as suas férias na Tailândia não me comove. Portugal precisa duma grande vassourada e a tragédia será que a crise poupe (e talvez poupe) esta piolheira. Ontem descobri num restaurante que já se festeja intensamente o Natal. A degradação a que a nossa classe média chegou não se cura com menos de uma catástrofe. O primeiro-ministro, José Sócrates, não é um acaso, é um símbolo: o símbolo da vacuidade, da ambição e do oportunismo que o regime permitiu e protegeu.

Vasco Pulido Valente, in  Público 17.10.2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A história da carochinha

Era uma vez uma carochinha que um belo dia andava a varrer a casa e encontrou uma moeda nova. Bem, não era propriamente uma moeda, mas apenas um papelinho, chamado Tratado de Maastricht, que dizia que, se ela se portasse bem, um dia podia ter a moeda única. A carochinha ficou muito contente, vestiu o seu melhor vestido e pôs-se à janela a cantar:
- Quem quer casar com a carochinha, que é formosa e bonitinha?

Passou por ali naquela altura um leão, chamado Cavaco, que disse: “Quero eu! Quero eu!” Mas o leão rugia muito alto, e garantia que para ter uma moeda única era preciso trabalhar, ter competitividade e vencer o desafio europeu. A carochinha respondeu:
- Ai que voz essa? Com tanto barulho não me deixas dormir! Contigo é que não quero casar!

O leão foi-se embora, voltando para a sua universidade, e a carochinha tornou a cantar:
- Quem quer casar com a carochinha, que é formosa e bonitinha?

Passou então um pato chamado Guterres, que disse “Quero eu! Quero eu!” O pato Guterres tinha uma viola e cantava muito bem sobre diálogo, coração, paixão da educação e outras coisas lindas. Foi então que veio a notícia de que a carochinha tinha sido aceite na moeda nova, o euro. Ficaram os dois muito contentes e, como estavam mesmo a planear casar-se, o pato comprou um grande caldeirão.

Durante um tempo os dois pareciam muito felizes mas, como o caldeirão tinha um furo, o pato gastava cada vez mais dinheiro para o encher e começaram a endividar-se nas mercearias das redondezas. A dívida externa da carochinha, que era de 8% do PIB quando o pato chegou, já ia nos 50%. Então o pato fugiu. Diz-se que foi cantar para a ONU, e de vez em quando ainda se ouvem as suas músicas na televisão.

A pobre carochinha, com a moeda única e a dívida do caldeirão a subir, foi de novo pôr-se à janela à procura de marido, cantando a sua canção. Nessa altura passou por ali o coelho Barroso, muito saltitão, que disse “Quero eu! Quero eu!”

Quando viu a situação, o coelho Barroso achou que a carochinha estava de tanga e começou a rugir como o leão. Só que agora, como de qualquer maneira não conseguia dormir de aflição por causa da dívida, a carochinha lá se conformou com o barulho, desde que se fizesse alguma coisa para resolver o buraco no fundo do caldeirão.

O coelho até tinha bons planos, mas um belo dia passou por ali uma carochinha belga, muito bonita e muito rica. Ela e o coelho apaixonaram-se e fugiram juntos, deixando a carochinha outra vez sozinha com a moeda única e o caldeirão. E já voltou a pobre à janela e à sua canção.

Até que passou por ali o belo galo Santana, que cantava muito bem. Só que o pai da carochinha, que não gostava nada de galos, expulsou-o rapidamente e eles nem tiveram tempo de conversar.

Mais uma vez a pobre carochinha teve de regressar à sua janela e à sua canção, enquanto a dívida externa do caldeirão já ia nos 65% do PIB. Passou finalmente o José Ratão, que disse logo que resolvia tudo. Este não rugia, como o leão ou o coelho, nem cantava, como o pato ou o galo. O que ele fazia era falar. Falava, falava muito. Tinha imensas ideias excelentes. Dizia que a solução era o Simplex, as reformas da administração pública, Segurança Social e outras coisas, e até ia conseguir tirar do caldeirão grandes obras, como o TGV, aeroportos e auto-estradas, tudo em parcerias público-privadas baratíssimas.

A carochinha ficou apaixonada e decidiu casar-se depressa até porque, apesar da conversa do José, as coisas estavam cada vez pior. Não só a dívida já ia acima dos 100% do PIB, mas na aldeia falava-se de uma vizinha, a carochinha grega, também solteira e com um caldeirão ainda maior, a quem as mercearias já ameaçavam atirar ao lobo FMI. Mas o Ratão sossegou-a, garantindo que a culpa da situação era das agências de rating e que ele resolveria tudo com PEC. Só que, quando se debruçava no caldeirão para tapar o buraco com o terceiro PEC, caiu lá dentro.

Assim acaba a história da linda Carochinha que achou uma moeda e do seu José Ratão, que morreu cozido e assado no caldeirão.



João César das Neves in DN 11/10/2010
Imagem: Anita Félix

domingo, 10 de outubro de 2010

Liberdade aos Companheiros


Amanhã começará o resgate dos 33 aprisionados no fundo da mina. Ganhar o pão debaixo de terra não deveria ser tão duro!

Votos de boa sorte... vão continuar a precisar dela.

Os Marcos Antónios deste país

http://www.ionline.pt/conteudo/56994-marco-antonio-costa-diz-que-endividamento-gaia-e-irrelevante-face--dinamica-investimento

Não sei se serei um péssimista ou um optimista bem informado, mas estou de facto muito preocupado com a situação das finanças públicas do país. Basicamente alguém (os nossos governantes) andou a gastar à nossa conta mais do que nós podiamos pagar. E a factura depois de ser o mais possível adiada, está a começar a chegar em "suaves" prestações...
As medidas anunciadas são duras mas de facto neste momento não há grande alternativa. Espero sinceramente que os dirigentes partidários PS/PSD ponham o interesse nacional à frente dos interesses eleitorais e partidários e aprovem o orçamento para 2011. Dizia à pouco na TVI o Prof. Marcelo que um dos principais opositores no PSD à aprovação do orçamento é o vice presidente do PSD que é também o vice presidente da Camara de Gaia de Luis Filipe Meneses. Anexo uma entrevista já deste ano deste sr. que no seu CV sempre foi político, autarca, administrador de empresas públicas ou governante. Fiquei a saber que a opinião deste sr. é que as dívidas não interessam nada, é preciso gastar gasta-se, quem vier daqui a uns anos que pague...
Acho que este sr. simboliza o que nós trouxe até aqui e o que nos pode levar descalabro totaldo país se nada mudar. A culpa é de todos nós que deixámos que alguns elementos de qualidade duvidosa tomassem conta dos grandes partidos e dos seus aparelhos através de cacicagem, e por consequência tomassem conta da vida pública do país. E as pessoas de bem iam dizendo "não quero ter nada a ver com a política, é um mundo sujo, são todos uns ladrões, interesseiros, querem é tacho, aldrabões, etc". Este foi o resultado, afinal se calhar parece que a política pode afectar e muito a nossa vida, e isto leva a pensar que seria bom que pessoas de bem e de valor pensassem melhor se não deviam participar activamente num partido, o que lhes parecer melhor (ou menos mau...), e podessem ajudar a escolher melhores lideranças partidárias. Acho que o problema é que mesmo participando nas eleições nacionais as lideranças estão cada vez mais cheias de pessoas dos diversos "aparelhos" que precisam de ser reciclados urgentemente.

sábado, 9 de outubro de 2010

Pastar a Vacácia

Por estes dias tive o previlégio de ter por escritório uma selva de criptomérias na Lagoa das Furnas em S. Miguel.
E no final, graças aos felinos Félix, ainda deu para pastar a vacácia nas 7 cidades...
http://patite.blogspot.com/

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

rÉPUBLICA...


No centenário da Républica é com grande tristeza que publico esta foto mas, infelizmente, depois do que se tem passado ultimamente, isto deve corresponder ao sentimento de uma larga maioria silenciosa relativamente ao sítio em que os nossos eleitos transformaram o país em que vivemos.